segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Taoísmo

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O taoismo filosófico não é materialístico, nem espiritualístico, nem científico, nem místico, nem religioso. E, de certo modo, é isso tudo ao mesmo tempo porque transcende essas diferenças de opinião sobre o modo como deve ser encarado o mundo e a existência.

O Tao não transcende o mundo; o Tao é a totalidade da espontaneidade ou «naturalidade» de todas as coisas. Cada coisa é simplesmente o que é e faz o que faz. Por isso o Tao não faz nada; não precisa de o fazer para que tudo o que deve ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada coisa é e faz espontaneamente é o Tao. Por isso, o Tao «faz tudo ao fazer nada».
O Tao produz as coisas e é o Te que as sustenta. O Te é o que as coisas recebem do Tao. As coisas surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo espontâneo e natural de ser. Se o Tao fosse a água, o Te seria a água que existe em cada coisa (num rio, num lago, na chuva, nas plantas, nos seres vivos, etc.) Cada coisa possui a sua Virtude, o seu Te, a sua própria natureza espontânea. E todas as coisas são felizes desde que evoluam de acordo com a sua natureza. São as modificações nas suas naturezas que causam a dor e o sofrimento.
Os homens, em geral, tentam modificar a natureza das coisas. E a sua intenção pode ser boa. Mas o que uns consideram como bom pode não o ser para os outros. Homens diferentes têm opiniões diferentes. O homem sábio coloca-se no «centro do círculo»; não adere a nenhuma dessas opiniões, que considera a «música dos homens», e transcende-as indo ao encontro da variedade infinita. «Segue por vários caminhos ao mesmo tempo». Nenhuma opinião é má em si, todas as músicas são boas, desde que surjam espontaneamente na cabeça dos homens. São todas músicas boas e correctas e divertidas. O que acontece naturalmente é bom. Mas há que entender a sua relatividade.
Se o taoismo se opõe a instituições, regras, leis e governo, é porque estes impõem uma ideia do que é Bom. Por isso, o melhor modo de governar o mundo é não o governar.
Devemos agir de acordo com a nossa vontade apenas dentro dos limites da nossa natureza e sem tentar fazer o que vai para além dela. Devemos usar o que é naturalmente útil e fazer o que espontaneamente podemos fazer sem interferir na nossa natureza. E não tentar fazer aquilo que não podemos fazer ou tentar saber aquilo que não podemos saber. A felicidade é essa «não-acção» perfeita.

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