terça-feira, 16 de novembro de 2010

Osho- Consolo


Ouvi contar sobre um judeu que caiu na rua e estava morrendo; era um ataque cardíaco. Juntaram-se algumas pessoas e começaram a procurar por algum religioso, algum padre, pois o homem estava morrendo. Veio um padre católico que não sabia quem era a pessoa. Chegou perto do moribundo e disse: "Você crê? Declara que crê na Trindade — Deus, o Pai, o Espírito Santo e Jesus Cristo, o Filho?" O moribundo abriu os olhos e disse: "Estou morrendo e ele me vem com charadas. O que faço agora com essa trindade? Estou morrendo. Que besteira é essa que você está dizendo?" Um homem está morrendo e você o consola dizendo que a alma é imortal. Esses consolos não adiantam. Alguém se sente miserável e você diz: "Não se sinta miserável, isso é apenas psicológico". De que adianta? Voçê o faz sentir-se mais miserável ainda. Essas teorias não funcionam muito. Foram inventadas para consolar, para enganar. Se você está congelando, está congelando. Em vez de perguntar se seu pai era um urso polar, faça alguns exercícios. Salte, sacuda-se, ou faça a Meditação Dinâmica; e você não congelará, eu lhe prometo. Esqueça seu pai, seu avô e seu bisavô. Ouça apenas a sua realidade. Se você está congelando, faça alguma coisa. E algo sempre pode ser feito. Mas não é esse o caminho; você está na trilha errada. Pode continuar perguntando quanto quiser, e é claro que a sua pobre mãe vai consolá-lo. A pergunta é bela, muito significativa, tem uma tremenda importância. É assim que a humanidade tem sofrido. Ouça o sofrimento. Olhe dentro do problema e não tente encontrar qualquer solução fora dele. Olhe directamente dentro do problema e sempre encontrará lá a solução. Olhe dentro da questão; não peça uma resposta. Por exemplo, você pode perguntar: "Quem sou eu?" Vai a um cristão e ele diz: "Você é o filho de Deus e Deus o ama muito". Você ficará confuso, pois como Deus pode amá-lo? Um padre disse a Mulla Nasrudin: "Deus o ama muito". Ele disse: "Como pode me amar? Ele nem me conhece". E o padre disse: É por isso mesmo. Nós O conhecemos. E nós não podemos amá-Lo — é muito difícil". Ou então você vai aos hindus, faz a mesma pergunta e eles dizem: "Você é o próprio Deus". Não o filho de Deus; você é o . próprio Deus. Mas a sua dor de cabeça continua e você não entende como Deus pode ter enxaqueca. ..e a resposta não resolve o problema. Se você quer perguntar: "Quem sou eu?", não vá a nenhum lugar. Sente-se em silêncio e pergunte profundamente dentro de seu próprio ser. Deixe que a questão ressoe. Não verbalmente. Existencialmente; deixe que a pergunta fique lá como uma seta penetrante em seu coração: "Quem sou eu?" E continue com a pergunta. E não tenha pressa de responder, porque se você responder, a resposta terá vindo de qualquer outra pessoa — de algum padre, de algum político, de alguma tradição. Não responda através da sua memória, porque a memória é toda emprestada. A sua memória é assim como um computador, é morta. Ela foi enfiada dentro de você. Assim, quando perguntar: "Quem sou eu?", e a sua memória disser: "Você é uma grande alma", cuidado. Não caia nessa arapuca. Livre-se de todo esse lixo; está tudo podre. Continue perguntando: "Quem sou eu?.. Quem sou eu? ..Quem sou eu?..", e um dia verá que a pergunta também desapareceu. Restou apenas uma sede — "Quem sou eu?" Não uma pergunta, mas uma sede — todo o seu ser pulsando com a sede — "Quem sou eu'?". E um dia verá que nem mesmo você está presente: há apenas uma sede. E nesse estado intenso e apaixonado de ser, de repente descobrirá que algo explodiu. De repente você está diante de si mesmo e sabe quem é. Não há como perguntar a seu pai: "Quem sou eu?". Ele próprio não sabe quem é. Não há como perguntar a seu avô ou a seu bisavô. Não pergunte! Não pergunte à mãe, não pergunte à sociedade, não pergunte à cultura, não pergunte à civilização. Pergunte ao seu próprio centro. Se você quer realmente conhecer a resposta, vá para dentro; e a partir dessa experiência interior, acontece a mudança.Você pergunta; Como posso mudar isso? Não pode mudar. Primeiro, terá que encarar a sua realidade, e esse próprio confronto o transformará.

                                                                                                   'Osho- Extâse a Linguagem Esquecida'

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