segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Contos Zen

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O Aperfeiçoamento Pessoal


Um praticante certa vez perguntou a um mestre Zen, que ele considerava muito sábio:
"Quais são os tipos de pessoas que necessitam de aperfeiçoamento pessoal?"
"Pessoas como eu." Comentou o mestre. O praticante ficou algo espantado:
"Um mestre como o senhor precisa de aperfeiçoamento?"
"O aperfeiçoamento," respondeu o sábio, "nada mais é do que vestir-se, ou alimentar-se..."
"Mas," replicou o praticante, "fazemos isso sempre! Imaginava que o aperfeiçoamento significasse algo mais profundo para um mestre."
"O que achas que faço todos os dias?" retrucou o mestre. "A cada dia, buscando o aperfeiçoamento, faço com cuidado e honestidade os atos comuns do cotidiano. Nada é mais profundo do que isso."


Transitoriedade

Certa vez, uma pequena onda do oceano percebeu que ela não era igual às outras ondas e disse:
- Como sofro! Sou pequena, e vejo tantas ondas maiores e mais poderosas do que eu! Sou na verdade desprezível e feia, sem força e inútil...
Outra onda do oceano lhe escutou e disse:
- Tu sofres porque não percebes a transitoriedade das formas, e não enxergas tua natureza original. Anseias egoísticamente por aquilo que não és, e mergulhas em autopiedade!
- Mas, - replicou a pequena onda - se não sou realmente uma pequena onda, o que sou?
- Ser onda é temporário e relativo. Não és onda, és água!
- Água? E o que é água?
- Usar palavras para descrevê-la não vai levar-te à compreensão. Contemples a transitoriedade à tua volta, tenhas coragem de reconhecer esta transitoriedade em ti mesma. Tua essência é água, e quando finalmente vivenciares isso, deixarás de sofrer com tua egóica insatisfação...


O tesouro em casa


Um dia, um jovem chamado Yang Fu deixou sua família e lar para ir a Sze-Chuan visitar o Bodhisattva Wu-Ji. Ele sonhou que junto àquele mestre poderia encontrar um grande tesouro de sabedoria. Quando já se encontrava às portas da cidade, após uma longa viajem cheia de aventuras, encontrou um velho senhor. Este lhe perguntou:
"Onde vais, jovem?"
"Vou estudar com Wu-Ji, o Bodhisattva." - respondeu o rapaz.
"Em vez de buscar um Bodhisattva, é mais maravilhoso encontrar Buddha."
Excitado com a perspectiva de encontrar o Grande Mestre, disse Yang Fu:
"Oh! Sabes onde encontrá-lo?!"
"Voltes para casa agora mesmo. Quando lá chegares, encontrarás uma pessoa usando uma manta e chinelos trocados, que lhe cumprimentará. Essa pessoa é o Buddha."
O rapaz pensou, aterrado: "Como posso retornar agora, quando estou às portas do meu objetivo? Eu teria que confiar muito no que este simples velho me diz". Então Yang Fu teve uma forte intuição de que aquele simples homem à sua frente era alguém de grande sabedoria. Num impulso, voltou-se para a estrada, sem jamais ter encontrado Wu-Ji. Ele retornou o mais rápido que pode, ansioso pela vontade de encontrar Buddha. Chegou em casa tarde da noite, e sua amorosa mãe, em meio à alegria e pressa de abraçar o filho que retornava ao lar, cobriu-se de uma manta usada e calçou seus chinelos trocados.
Olhando para sua mãe desse modo, que vinha sorrindo e pronta a abraçá-lo, Yang Fu atingiu o Satori. Este era o maior tesouro.

Onde Começa o Caminho?


Um dia, um discípulo foi ao mestre Kian-Fang e perguntou-lhe:
"Todas as direções levam ao caminho de Buddha, mas apenas uma conduz ao Nirvana. Por favor, mestre, diga-me onde começa este Caminho?"
O velho mestre fez um risco no chão com seu bastão e disse:
"Aqui".


Talvez


Há um conto Taoísta sobre um velho fazendeiro que trabalhou em seu campo por muitos anos. Um dia seu cavalo fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo."Que má sorte!" eles disseram solidariamente."Talvez," o fazendeiro calmamente replicou. Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens. "Que maravilhoso!" os vizinhos exclamaram. "Talvez," replicou o velho homem. No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna. "Que pena," disseram."Talvez," respondeu o fazendeiro. No próximo dia, oficiais militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço obrigatório no exército, que iria entrar em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava com a perna quebrada, eles o dispensaram. Os vizinhos congratularam o fazendeiro pela forma com que as coisas tinham se virado a seu favor. O velho olhou-os, e com um leve sorriso disse suavemente: "Talvez."

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