quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Osho- Vida e Morte


— Quando cheguei aqui estava tenso. As pessoas pareciam inimigas, nada abertas.
Agora tudo mudou; todas são bonitas. Já passei por experiências similares antes, mas sempre desaparecem gradualmente. Espero que agora isto seja sabedoria e não se enfraqueça, mas tenho medo de que isto seja apenas informação e eu a perca.

Olhe para uma rosa. Se ela for real, à noite começará a murchar; se for de plástico,
continuará a mesma. A informação é mais permanente que a sabedoria, porque a sabedoria é real e a informação é artificial. Você está pensando em termos errados. Você diz que já aconteceu antes também — estes momentos, estas aberturas — mas que enfraqueceram e desapareceram; tornaram-se parte da memória. Agora você quer algo permanente. Essa própria idéia está cheia de avareza. Se você quiser algo permanente, terá de escolher uma coisa falsa, pois só o falso pode permanecer. O real é momentâneo — é sempre momentâneo. Existe por um momento e depois se vai. É forte e frágil. É tremendamente forte: quando acontece, acontece totalmente. Quando desaparece, desaparece. Só o falso é permanente, mas devido à nossa avareza desejamos a permanência. O amor é frágil como uma rosa. O casamento é uma flor de plástico. É artificial, legal, social. O amor é inseguro. Ele acontece, e quando acontece é tremendamente belo. Você voa alto; fica ligado; tudo se preenche de prazer e de alegria. Toda a existência fica em festa, é uma celebração, uma dança. Deus olha para você por todos os cantos e ângulos. ..e de repente desaparece — tão de repente quanto veio, Ele se vai. A mágica desaparece, não há mais charme, a poesia empalidece; sobram apenas cinzas, coisas gastas e mortas. Temendo esta frágil realidade, o homem criou, em contraposição, a sua realidade permanente — para se assegurar, se certificar. Você não pode contar com uma namorada, não pode contar com um namorado. Mas pode contar com um marido ou uma esposa. Eles são de plástico. Uma namorada é como o vento; ninguém sabe se permanecerá com você no próximo momento, ou se escolherá outra parte do mundo, outra árvore para ter um caso de amor. Ninguém sabe. Num
momento ela aparece do nada, no outro já se foi. Talvez não vá, talvez vá, mas não há nada certo. Temendo essa incerteza — por avareza, por medo — o homem criou o casamento. O casamento é uma coisa feia. O amor é belo. Você não vê como é feia uma flor de plástico? E por que é feia? Em primeiro lugar porque, para permanecer, ela tem que estar morta, pois a vida inclui a morte. Só uma coisa morta não morre nunca. Se você está vivo, está propenso a morrer. Quanto mais vivo estiver, mais propenso à morte estará. Quanto mais vibrante de vida, mais próximo da morte. Em toda a dança da vida você encontrará a presença da morte, sua imensa presença. É por isso que sempre que você está profundamente apaixonado por alguém, de repente começa a pensar na morte. Já observou isso? Os amantes começam a pensar na morte. Os cambistas de dinheiro jamais, pensam na morte. Um poeta, num profundo momento de comunhão com a natureza, começa a pensar na morte. Um dançarino no auge da sua dança, quando tudo está explodindo, sente medo: a morte está presente. Sempre que você chegar ao auge de qualquer experiência, encontrará a morte presente. Por quê.? Porque sempre que houver vida, haverá morte. As pessoas decidiram não viver plenamente, nunca chegar a um ponto máximo. Vivem no limite do mínimo — no mínimo você pode evitar a morte, porque aí você está quase morto. Não há contraste. Quando você está muito vivo, a morte fica muito próxima; o contraste é muito claro. As pessoas sentem medo de morrer e por isso vivem no mínimo. As pessoas sentem medo de mudar. Uma casa é mais imutável. Um país, um credo, um templo, um deus dos teólogos parece ser mais permanente. Elas evitam as coisas momentâneas .:— e a realidade é momentânea, é um fluxo, um processo. Tudo se move dinamicamente; é como um rio. Você diz: Quando cheguei aqui, estava tenso. As pessoas pareciam inimigas, fechadas. Agora tudo mudou. ., Nada mudou; só você mudou. As pessoas são as mesmas — pergunte a elas. Elas estavam tensas porque você estava tenso. Elas pareciam inimigas porque você não era amigo. Nada mudou. As pessoas não mudaram; elas não se tornaram amigas de repente. Você mudou. Você se abriu, relaxou. Não está mais pedindo para que elas sejam amigas; pelo contrário, você começou a ser amigo. E de repente descobriu que elas são amorosas. Você sempre encontra o que você é. E lembre-se: tudo o que você encontra é você. Não é mais ninguém. Isto acontece com todos que chegam aqui. As pessoas vêm com uma grande expectativa, como se todo o ashram fosse dançar porque elas chegaram; todos fossem celebrar e fazer uma grande festa. Essas expectativas estão ocultas na mente. Então as pessoas chegam e o Sant nem mesmo permite que elas entrem facilmente pelo portão! Parece pouco delicado. Ele é instruído para agir dessa maneira. E de repente as suas esperanças e expectativas desaparecem. Eu ajudo isso a acontecer. Essas expectativas e esperanças precisam ser destruídas porque com elas você continuará sendo egoísta. Com as esperanças e expectativas você permanecerá velho. Elas têm de ser abandonadas.

                                                                       'Osho- Extâse a Linguagem Esquecida'

Sem comentários:

Enviar um comentário