sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ver Vídeos Legendados


Os vídeos discursivos postados no blog têm todos legendas em português, para activá-las clique sobre o vídeo que deseja ver, até abrir a sua página original no youtube. De seguida, na mesma linha onde tem o botão de 'play' e o controlo do volume do áudio, aparece, perto do ícone de selecção da qualidade do vídeo (ex: 360p), um outro botão com as iniciais 'CC', carregue aí e seleccione, dentro das legendas disponivéis, aquela que lhe interessa.


PS: Isto aplica-se a todos os vídeos do youtube se bem que muitos ainda não têm legendas em Português, ou nenhuma outra, daí não aparecer este botão.

  

David Lanz- Nightfall


 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Osho- A Tristeza tem a sua própria Beleza



Não se identifique com a tristeza. Torne-se uma testemunha e goze o momento de tristeza, porque a tristeza tem sua própria beleza. Você jamais a observa. Você se torna tão identificado, que nunca penetra na beleza de um momento triste. Se você observar, ficará surpreso pelos tesouros que esteve perdendo. Olhe quando está feliz, você nunca é tão profundo como quando está triste. A tristeza tem uma profundidade que lhe é própria. Observe as pessoas as pessoas felizes. As assim chamadas pessoas felizes, os playboys e as playgirls – você os encontrará em clubes, hotéis, teatros – estão sempre sorrindo e borbulhando de alegria. Você sempre os encontrará pouco profundos, superficiais. Essas pessoas não têm nenhuma profundidade. A felicidade é como as ondas da superfície – você vive superficial. Mas a tristeza tem uma profundidade. Quando você está triste, não é como as ondas na superfície; é como a própria profundeza do Oceano Pacífico – quilômetros de profundidade. Mova-se para as profundezas, observe-as. A felicidade é como a luz, a tristeza é como a escuridão. A luz vem e se vai, a escuridão permanece – é eterna. A luz surge algumas vezes, a escuridão está sempre presente. Se você penetrar na tristeza, sentirá todas essas coisas. De repente, vai perceber que a tristeza existe como um objeto, você está observando e
testemunhando e, repentinamente, começa a se sentir feliz. Uma tristeza tão linda! – uma flor da escuridão, uma eterna flor de profundidade. Como um abismo que não tem fundo, tão silencioso, tão musical – não há o menor ruído, a menor perturbação. Podemos ir caindo e caindo nele, infinitamente, e podemos sair dele totalmente rejuvenescidos. É um repouso. Depende da atitude. Quando você fica triste, você acredita que alguma coisa ruim lhe aconteceu. Isso é uma interpretação que você faz de alguma coisa ruim que lhe aconteceu, e então você começa a tentar fugir disso de fato; você nunca medita sobre isso. Então você quer encontrar alguém, quer ir a uma festa, ao clube, ligar a TV ou o rádio, ou começa a ler o jornal –alguma coisa para que possa esquecer. Trata-se de uma atitude errada que foi dada a você – de que a tristeza é errada. Nada há de errada nela. É uma outra polaridade da vida. A alegria é um pólo, a tristeza outro. A felicidade é um pólo, a miséria, outro. Uma vida apenas de felicidade terá uma dimensão lateral, mas não terá uma profundidade. Uma vida apenas de
tristeza terá profundidade, mas não terá amplidão. A vida que contem ambas, tristeza e felicidade é multidimensional; move-se em todas as direções simultaneamente. Observe a estátua de Buda, ou algumas vezes olhe dentro dos meus olhos e você encontrará ambas juntas – uma beatitude, uma paz, e uma tristeza também. Você encontrará uma felicidade que contém tristeza dentro de si, porque essa tristeza lhe dá oportunidade. Observe a estátua de Buda –  feliz, mas ainda assim triste. A própria palavra triste lhe trás uma conotação errada. Trata-se de
interpretação sua. Para mim, a vida em sua totalidade é boa. E quando você compreende a vida em sua totalidade, só então você pode celebrar, de contrário não.


                                                                                                'Osho- Vida, Amor e Riso' 

Osho- Touro ou Boi?



Uma das coisas maias cruéis que se pode fazer ao homem é torna-lo triste e sério. Isso tem que ser feito, por que sem tornar o homem triste e sério, é impossível fazer dele um escravo – um escravo em todas as dimensões da escravidão: espiritualmente, um escravo em relação a algum deus fictício, a algum céu e inferno fictícios; psicologicamente, um escravo, porque a tristeza, a seriedade não são naturais... Elas têm que ser impostas à mente, e a mente se fragmenta, é despedaçada... um escravo fisicamente também, por que um homem que não pode rir, não pode ser realmente saudável e total. O riso não é unidimensional; ele tem todas as
três dimensões: quando você ri, seu corpo participa, sua mente participa, seu ser participa. No riso as distinções desaparecem, a divisão desaparece, a personalidade esquizofrênica desaparece. Mas isso era contra aqueles que queriam explorar o homem – os reis, os padres, os políticos calculistas. Todo o esforço deles era para tornar, de alguma maneira, o homem mais fraco, doente: torne o homem miserável e ele nunca se revoltará. Tirar o riso do homem é tira-lo a própria vida. Tirar o riso do homem é castração espiritual. Você já observou a diferença entre os bois e os touros? Eles nasceram iguais, mas os bois foram castrados. E, a menos que eles sejam castrados, você não poderá usa-los como escravos para carregar as suas cargas, para puxar as suas carroças. Você não pode colocar touros na frente de seu carro – o touro é
tão poderoso, que é impossível mantê-lo sob controle; ele tem uma individualidade própria. Mas o boi é um eco muito distante do seu ser real, apenas uma sombra. Você o destruiu. Para se criar escravos, o homem foi destruído da mesma maneira. O riso tem sido continuamente condenado como infantil, insano; no Maximo lhe é permitido sorrir. A diferença entre o sorriso e o riso é a mesma do touro para o boi. O sorriso é somente um exercício dos lábios, é somente um maneirismo. A gargalhada não conhece maneirismo algum, etiqueta alguma – ela é selvagem, e sua selvageria tem toda a beleza. Mas os poderes constituídos, quer de dinheiro, quer de religiões organizadas, ou dos governantes, todos estavam de acordo em um ponto: o homem tem que ser enfraquecido, tornar-se miserável, ser amedrontado – tem que ser forçado a viver numa espécie de paranóia. Só assim ele se ajoelhará diante de estátuas de madeira ou de pedra. Só assim ele estará pronto para servir qualquer pessoa que seja poderosa. A gargalhada traz sua energia de volta para você. Todas as fibras de seu ser se tornam vivas, e
todas as suas células começam a dançar. O maior pecado cometido na Terra é que o homem tem sido proibido de rir. As implicações são profundas, porque quando você é proibido de rir, certamente é proibido de ser alegre, é proibido de cantar uma canção de celebração, é proibido de dançar por pura alegria. Ao ser proibido do riso, tudo o que é bonito na vida, tudo
o que faz a vida bonita e digna de ser vivida e de ser amada, tudo o que da sentido a vida é destruído. É a estratégia mais feia usada contra o homem. A seriedade é um pecado. E lembre-se a seriedade não significa sinceridade – sinceridade é fenômeno completamente diferente. Um homem sério não pode rir, não pode dançar, não pode brincar. Ele está sempre se controlando; ele foi criado de tal maneira que se tornou um carcereiro de si mesmo. O homem sincero pode rir sinceramente, pode dançar sinceramente, pode alegrar-se sinceramente. Sinceridade nada tem a ver com serenidade. A serenidade é uma doença da alma, e somente almas doentes podem ser convertidas em escravos. E todos os poderes constituídos precisam de uma humanidade que não seja rebelde, que não esteja desejando muito, quase mendigando, seja escrava. Na realidade, somente as crianças são encontradas dando risadas e gargalhadas; e os adultos acham que, por elas serem crianças, ignorantes, podem ser perdoadas – elas são ainda tão incivilizadas, tão primitivas todo o esforço dos seus
pais, da sociedade, dos professores, dos padres é para descobrir como torna-las civilizadas? Como torna-las sérias? Como faze-las se comportarem como escravos, não como indivíduos independentes? Não se espera que você tenha suas próprias opiniões. Você tem simplesmente que ser um cristão ou um hindu ou um muçulmano. Você tem que ser um comunista ou fascista ou um socialista. Não se espera que você tenha suas próprias opiniões. Não se espera que você seja você mesmo. A você é permitido ser parte da multidão – e ser parte da multidão não é nada mais que se tornar um dente de uma engrenagem. Você terá cometido suicídio.


                                                                                                  'Osho- Vida, Amor e Riso' 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Osho- Crer



O crente não é alguém que busca. O crente não quer buscar nada. É por isso que ele acredita. O crente quer evitar a busca, por isso ele acredita. O crente quer ser levado, salvo. Ele precisa de um salvador, ele está sempre em busca de um messias — alguém que possa comer por ele, mastigar por ele, digerir por ele. Mas, se eu comer, a fome que você tem não será saciada. Ninguém pode salvá-lo, a não ser você mesmo. A crença não tem nada a ver com a verdade. Você pode acreditar que é noite, mas o dia não vai anoitecer só porque você acredita nisso. Ele não vai se tornar noite. Você está vivendo um tipo de alucinação. Existe este perigo na crença: ela faz você achar que conhece a verdade. E como faz você achar que conhece a verdade, isso se torna uma grande barreira na busca. Acredite ou desacredite e você estará
bloqueado — porque a descrença nada mais é do que a crença numa forma negativa. O católico acredita em Deus, o comunista acredita em um nãodeus: ambos são crentes. Vá para a Caaba ou vá para o Comintern, vá para o Kailasa ou para o Kremlin — é tudo a mesma coisa. O crente acredita que é assim, o descrente acredita que não é. E pelo fato de os dois já terem chegado a uma conclusão, sem se darem ao trabalho de ir lá e descobrir por si mesmos, quanto mais forte for a crença, maior será a barreira. Eles nunca farão uma peregrinação, não é preciso. Viverão cercados pela própria ilusão, criada e sustentada por eles mesmos. Pode ser reconfortante, mas não é libertador. Milhões de pessoas estão desperdiçando a vida com a crença e a descrença. A busca pela verdade começa quando você deixa de lado todas as crenças. Você diz: "Eu gostaria de encontrar a verdade por mim mesmo. Não acreditarei em Cristo e não acreditarei em Buda. Eu gostaria de me tornar eu mesmo um Cristo ou um Buda. Gostaria de ser uma luz para mim mesmo." Por que você deveria ser cristão? Seja um Cristo se você puder, mas não seja um cristão. Seja um Buda se tiver algum respeito por si mesmo, mas não seja um budista. O budista acredita. O Buda sabe. Se você pode saber, se é possível saber, então por que se contentar em acreditar? Você tem que entender a diferença entre consciência moral e consciência. A consciência é sua. A consciência moral é transmitida pela sociedade. Ele é uma imposição sobre a sua consciência. Cada sociedade impõe um tipo de idéia sobre a sua consciência, mas todas elas impõem alguma coisa. E depois que algo é imposto sobre a sua consciência, você não é mais capaz de escutá-la — ela fica muito distante. Entre a sua consciência e você se ergue uma parede espessa de dever e de moral que a sociedade lhe impôs desde a sua mais tenra infância. A menos que você faça uma pessoa se sentir culpada, você não consegue escravizá-la psicologicamente. E impossível aprisioná-la a
uma certa ideologia, a um certo sistema de crença. Mas depois que você cria a culpa na mente da pessoa, toma tudo o que havia de coragem nela. Destrói tudo o que havia de aventureiro nela. Reprime todas as possibilidades de que ela seja, um dia, um indivíduo por seus próprios méritos. Com a idéia de culpa, você quase extirpa o potencial humano dessa pessoa. Ela nunca poderá ser independente. A culpa a forçará a depender de um messias, de um ensinamento religioso, de Deus, de conceitos de céu e inferno, de toda essa coisa. E para criar a culpa você só precisa de algo muito simples: comece a falar de erros, engano
s — pecados.

                                                                             'Osho- Faça o Seu Coração Vibrar' 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Agora


Um guerreiro japonês foi capturado pelos seus inimigos e jogado na prisão. Naquela noite ele sentiu-se incapaz de dormir pois sabia que no dia seguinte ele iria ser interrogado, torturado e executado. Então as palavras de seu mestre Zen surgiram em sua mente: "O "amanhã" não é real. É uma ilusão. A única realidade é "AGORA. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando este Darma". Em meio ao seu terror subitamente compreendeu o sentido destas palavras, ficou em paz e dormiu tranquilamente.

domingo, 21 de novembro de 2010

Osho- Consequências



Não pense nas conseqüências. Só os covardes pensam nas conseqüências. Todo mundo lhe diz para ser comedido. Por quê? Se a vida é tão curta, por que ser comedido? Salte o mais alto que puder. Dance com toda a sua energia. Ser como todo mundo significa fazer parte de todo tipo de mentira que a sociedade chama de etiqueta, de boas maneiras. A razão é clara porque as pessoas falam sobre a verdade e ainda vivem em um mundo de mentiras. O coração delas anseia pela verdade. Elas têm  de si mesmas por não serem verdadeiras, então falam sobre a
verdade. Mas isso não passa de mera conversa. Viver de acordo com a verdade é perigoso demais — elas não pedem se arriscar. E o mesmo acontece com a liberdade. Da boca para fora, todo mundo quer liberdade, mas ninguém é livre de fato e ninguém quer realmente ser livre, porque a liberdade traz responsabilidade. Ela não vem sozinha. A diferença entre ambição e anseio é que a ambição visa a um objetivo, o anseio visa à fonte. Ambição significa que existe algo a se conquistar "lá fora". Ela depende de um objetivo, existe um motivo. Por isso você pode ser racional no que diz respeito a ela. Pode calcular se vale a pena atingir esse objetivo ou não. Não é uma questão de sentimento, é algo que se calcula. Você tem que seguir em uma certa direção com cautela: o mundo é dos espertos, todo mundo está tentando atingir o
mesmo objetivo e existe competição. Você tem que ser sagaz e inteligente, além de muito cauteloso. Tem que ser político, diplomático. O anseio não tem um objetivo, mas tem uma fonte. O coração é a fonte.
Vincent van Gogh sempre pintava as árvores tão grandes que elas iam além das estrelas. As estrelas eram pequenas, o Sol e a Lua eram pequenos e as árvores eram imensas... Alguém perguntou a ele: "Você é maluco? Por que nunca pára de pintar árvores tão grandes? A estrela
mais longínqua fica a milhões e milhões de anos-luz e as suas árvores sempre vão além das estrelas! Que maluquice é essa?" E Van Gogh riu e disse: "Eu sei! Mas sei de outra coisa também, da qual você não se dá conta. As árvores são os anseios da terra para transcender as estrelas. Eu estou pintando os anseios, não as árvores. Estou mais preocupado com a fonte, não com o objetivo. E irrelevante se elas alcançam as estrelas ou não. Eu pertenço à terra, sou parte dela e compreendo o anseio da terra. Esse é o anseio da terra expresso através das árvores — ir além das estrelas." 
E, por um anseio, tudo é possível. Nada é impossível porque a questão não é chegar a um lugar, mas apenas contemplar a fonte do próprio anseio. Olhe bem dentro do seu coração. Ouça a voz calma dentro de você. E lembre-se de uma coisa: uma pessoa só se realiza na vida por meio dos anseios, nunca por meio das ambições. A vida é basicamente insegura. Essa é a sua qualidade intrínseca, Nada pode mudar isso. A morte é segura, absolutamente segura. No momento em que você escolhe a segurança, sem saber está escolhendo a morte. No momento em que escolhe a vida, está escolhendo a insegurança. Com a segurança, com o conhecido, você fica entediado. Começa a ficar entorpecido. Com a insegurança, com o desconhecido, com o inexplorado, você se sente extasiado, belo, criança novamente — mais uma vez aqueles olhos de admiração, mais uma vez aquele coração capaz de se maravilhar. Quem tem medo da morte? Nunca cruzei com alguém que o tenha. Mas quase todo mundo com quem cruzei tem medo da vida. Esqueça o medo da vida... Ou você tem medo ou você vive — a decisão é sua. E o que há para temer? Não há nada que possa perder. Você só tem a ganhar. Esqueça todos os medos e mergulhe de cabeça na vida.
            
                                                                                            'Osho- Faça o seu Coração Vibrar'

sábado, 20 de novembro de 2010

Osho- Ego, o Falso Centro


Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso. Nascimento significa vir a este mundo, o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce neste mundo. Ela abre seus olhos, vê os outros. O "outro" significa o tu. Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Este também é o outro, também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo.
É desta maneira que a criança cresce. Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, tu, ela se torna consciente de si mesma.
Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que esta pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se ela aprecia a criança, se diz: "Você é bonita", se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Agora um ego está nascendo. Através da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ela não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensam a seu respeito. E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida; sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é o ego. Isso também é um reflexo. Primeiro a mãe - e mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se
juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas. O ego é um fenômeno acumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não. O verdadeiro pode ser conhecido somente através do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ela é uma disciplina. O verdadeiro pode ser conhecido somente através da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Através desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade
nascerá em você. O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo
que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá para a escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estão adicionando algo ao seu ego, e todos estão tentando modificá-lo, de tal forma que você não se torne um problema para a sociedade. Elas não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Elas não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão. Assim, estão tentando dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajustará à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro. É por isso que colocamos os criminosos nas prisões - não que eles tenham feito alguma coisa errada, não que ao colocá-los nas prisões iremos melhorá-los, não. Eles simplesmente não se ajustam. Eles criam problemas. Eles têm certos tipos de egos que a sociedade não aprova. Se a sociedade aprova, tudo está bem. Um homem mata alguém - ele é um assassino. E o mesmo homem , durante a guerra, mata milhares - e torna-se um grande herói. A sociedade não está preocupada com o homicídio, mas o homicídio deveria ser praticado para a sociedade - então tudo está bem. A sociedade não se preocupa com moralidade. Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser
educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes . A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento. A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível. E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que este é o seu centro, o ego dado pela sociedade. Uma criança volta para casa - se ela foi o primeiro aluno de sua classe, a
família inteira fica feliz. Você a abraça e a beija, e você coloca a criança no colo e começa a dançar e diz: "Que linda criança! Você é um motivo de orgulho para nós." Você está dando um ego a ela. Um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, um fiasco - ela não pode passar, ou ela tirou o último lugar - então ninguém a aprecia e a criança sente-se rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado. O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. É por isso que você está continuamente pedindo atenção. Ouvi contar:
 
Mulla Nasrudin e sua esposa estavam saindo de uma festa, e Mulla disse: "Querida, alguma vez alguém já lhe disse que você é fascinante, linda, maravilhosa?" Sua esposa sentiu-se muito, muito bem, ficou muito feliz. Ela disse: "Eu me pergunto por que ninguém jamais me disse isso."
Nasrudin disse: "Mas então de onde você tirou essa idéia?" 

Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta. É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Esse centro é falso, porque você contém o seu centro verdadeiro. Este, não é da conta de ninguém. Ninguém o modela, você vem com ele. Você nasce com ele. Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Este é o eu. E o outro centro, que lhe é dado pela sociedade - o ego. Ele é algo falso - e é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente então a sociedade o aprecia. Você tem que caminhar de uma certa maneira: você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente então a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, quem você é. Os outros deram-lhe a idéia. Essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a menos que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se, vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará despedaçado, quando você não saberá quem você é, quando você não saberápara onde está indo, quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos. Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas. Ouvi dizer:
 
Uma criancinha estava visitando seus avós. Ela tinha apenas quatro anos de idade. De noite, quando a avó a estava fazendo dormir, ela de repente começou a chorar e a gritar: "Eu quero ir para casa. Estou com medo do escuro." Mas a avó disse: "Eu sei muito bem que em sua casa você também dorme no escuro; eu nunca vi a luz acesa: Então por que você está com medo aqui?" O menino disse: "Sim, é verdade - mas aquela é a minha escuridão. Esta escuridão é completamente desconhecida."
 
Até mesmo com a escuridão você sente: "Esta é minha." Do lado de fora - uma escuridão desconhecida. Com o ego você sente: "Esta é a minha escuridão." Pode ser problemática, pode criar muitos tormentos, mas ainda assim, é minha. Alguma coisa em que se segurar, alguma coisa em que se agarrar, alguma coisa sob os pés; você não está em um vácuo, não está em um vazio. Você pode ser infeliz, mas pelo menos você é. Até mesmo o ser infeliz lhe dá ma sensação de "eu sou". Afastando-se disso, o medo toma conta; você começa a sentir medo da escuridão desconhecida e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte do seu ser... É o mesmo que penetrar em uma floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Aqui tudo está bem; você planejou tudo. Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que você possa se sentir em casa ali. E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo. Além da cerca você é, tal como dentro da cerca você é - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto . Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo para o desconhecido. Por um certo tempo, todos os limites ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai sentir-se atordoado. Por um certo tempo, você vai sentir-se muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto. Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esta é a sua alma, o eu.

                                                                                          'Osho- Ego, o Falso Centro'

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Osho- Amor Verdadeiro


Quando há dependência não há maturidade nem amor, há necessidade. Usa-se o outro, o que é desamoroso. Ninguém gosta de ser dependente, porque a dependência mata a liberdade. Os homens sempre querem mulheres que sejam "menos" do que eles. A maturidade vem com o amor e acaba com a necessidade. Amor é luxo, abundância. É ter tantas canções no coração, que é preciso cantá-las, não importando se há quem ouça. Quando somos autênticos, temos a aura do amor. Quando não, pedimos amor aos outros. Quem se apaixona não tem amor e, assim, não pode dar. Quem é maduro não cai de amor, mas se eleva nele. Duas pessoas maduras que se amam, ajudam-se a se tornarem mais livres. Liberdade, moksha, é um valor mais elevado que o amor. Por isso é que o amor não vale a pena se a destruir.

                                                                'Osho- Relacionamento: Amor e Liberdade'

Osho- Ciúme



Quando há atração sexual e o ciúme entra é porque não há amor. Há medo, porque o sexo é uma exploração. O medo se torna ciúme. Não se pode amar alguém não-livre, pois o amor só existe se dado livremente, quando não é exigido, forçado e tomado. Quanto mais controlamos, mais "matamos" o outro. As causas do ciúme estão dentro de nós; fora estão só as desculpas. O amor não pode ser ciumento. Ele é sempre confiante. Confiança não pode ser forçada. Se ela existir, segue-se por ela. Senão, é melhor separar, para evitar danos e destruição e poder amar outra pessoa. Quando amamos alguém, confiamos que não quererá outro. Se quiser, não há amor e nada pode ser feito. Só através do outro tornamo-nos conscientes de nosso próprio ser. Só num profundo relacionar-se o amor de alguém ressoa e mostra sua profundidade: assim nos descobrimos. Outra forma de autodescoberta, sem o outro, é a meditação. Só há dois caminhos para chegar ao divino: meditação e amor.

                                                                   'Osho- Relacionamento: Amor e Liberdade'

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Osho- Vida e Morte


— Quando cheguei aqui estava tenso. As pessoas pareciam inimigas, nada abertas.
Agora tudo mudou; todas são bonitas. Já passei por experiências similares antes, mas sempre desaparecem gradualmente. Espero que agora isto seja sabedoria e não se enfraqueça, mas tenho medo de que isto seja apenas informação e eu a perca.

Olhe para uma rosa. Se ela for real, à noite começará a murchar; se for de plástico,
continuará a mesma. A informação é mais permanente que a sabedoria, porque a sabedoria é real e a informação é artificial. Você está pensando em termos errados. Você diz que já aconteceu antes também — estes momentos, estas aberturas — mas que enfraqueceram e desapareceram; tornaram-se parte da memória. Agora você quer algo permanente. Essa própria idéia está cheia de avareza. Se você quiser algo permanente, terá de escolher uma coisa falsa, pois só o falso pode permanecer. O real é momentâneo — é sempre momentâneo. Existe por um momento e depois se vai. É forte e frágil. É tremendamente forte: quando acontece, acontece totalmente. Quando desaparece, desaparece. Só o falso é permanente, mas devido à nossa avareza desejamos a permanência. O amor é frágil como uma rosa. O casamento é uma flor de plástico. É artificial, legal, social. O amor é inseguro. Ele acontece, e quando acontece é tremendamente belo. Você voa alto; fica ligado; tudo se preenche de prazer e de alegria. Toda a existência fica em festa, é uma celebração, uma dança. Deus olha para você por todos os cantos e ângulos. ..e de repente desaparece — tão de repente quanto veio, Ele se vai. A mágica desaparece, não há mais charme, a poesia empalidece; sobram apenas cinzas, coisas gastas e mortas. Temendo esta frágil realidade, o homem criou, em contraposição, a sua realidade permanente — para se assegurar, se certificar. Você não pode contar com uma namorada, não pode contar com um namorado. Mas pode contar com um marido ou uma esposa. Eles são de plástico. Uma namorada é como o vento; ninguém sabe se permanecerá com você no próximo momento, ou se escolherá outra parte do mundo, outra árvore para ter um caso de amor. Ninguém sabe. Num
momento ela aparece do nada, no outro já se foi. Talvez não vá, talvez vá, mas não há nada certo. Temendo essa incerteza — por avareza, por medo — o homem criou o casamento. O casamento é uma coisa feia. O amor é belo. Você não vê como é feia uma flor de plástico? E por que é feia? Em primeiro lugar porque, para permanecer, ela tem que estar morta, pois a vida inclui a morte. Só uma coisa morta não morre nunca. Se você está vivo, está propenso a morrer. Quanto mais vivo estiver, mais propenso à morte estará. Quanto mais vibrante de vida, mais próximo da morte. Em toda a dança da vida você encontrará a presença da morte, sua imensa presença. É por isso que sempre que você está profundamente apaixonado por alguém, de repente começa a pensar na morte. Já observou isso? Os amantes começam a pensar na morte. Os cambistas de dinheiro jamais, pensam na morte. Um poeta, num profundo momento de comunhão com a natureza, começa a pensar na morte. Um dançarino no auge da sua dança, quando tudo está explodindo, sente medo: a morte está presente. Sempre que você chegar ao auge de qualquer experiência, encontrará a morte presente. Por quê.? Porque sempre que houver vida, haverá morte. As pessoas decidiram não viver plenamente, nunca chegar a um ponto máximo. Vivem no limite do mínimo — no mínimo você pode evitar a morte, porque aí você está quase morto. Não há contraste. Quando você está muito vivo, a morte fica muito próxima; o contraste é muito claro. As pessoas sentem medo de morrer e por isso vivem no mínimo. As pessoas sentem medo de mudar. Uma casa é mais imutável. Um país, um credo, um templo, um deus dos teólogos parece ser mais permanente. Elas evitam as coisas momentâneas .:— e a realidade é momentânea, é um fluxo, um processo. Tudo se move dinamicamente; é como um rio. Você diz: Quando cheguei aqui, estava tenso. As pessoas pareciam inimigas, fechadas. Agora tudo mudou. ., Nada mudou; só você mudou. As pessoas são as mesmas — pergunte a elas. Elas estavam tensas porque você estava tenso. Elas pareciam inimigas porque você não era amigo. Nada mudou. As pessoas não mudaram; elas não se tornaram amigas de repente. Você mudou. Você se abriu, relaxou. Não está mais pedindo para que elas sejam amigas; pelo contrário, você começou a ser amigo. E de repente descobriu que elas são amorosas. Você sempre encontra o que você é. E lembre-se: tudo o que você encontra é você. Não é mais ninguém. Isto acontece com todos que chegam aqui. As pessoas vêm com uma grande expectativa, como se todo o ashram fosse dançar porque elas chegaram; todos fossem celebrar e fazer uma grande festa. Essas expectativas estão ocultas na mente. Então as pessoas chegam e o Sant nem mesmo permite que elas entrem facilmente pelo portão! Parece pouco delicado. Ele é instruído para agir dessa maneira. E de repente as suas esperanças e expectativas desaparecem. Eu ajudo isso a acontecer. Essas expectativas e esperanças precisam ser destruídas porque com elas você continuará sendo egoísta. Com as esperanças e expectativas você permanecerá velho. Elas têm de ser abandonadas.

                                                                       'Osho- Extâse a Linguagem Esquecida'

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Osho- Extâse


O êxtase é uma linguagem que o homem esqueceu completamente. Foi forçado a esquecê-la; foi compelido a esquecê-la. A sociedade é contra, a civilização é contra. A sociedade fez um enorme investimento na miséria. Depende da miséria, alimenta-se da miséria; sobrevive da miséria. A sociedade não é para os seres humanos. A sociedade está usando os seres humanos como um meio para ela mesma. A sociedade tornou-se mais importante que a humanidade. A cultura, a civilização, a igreja tornaram-se mais importantes. Elas destinavam-se ao homem, mas agora não são mais para ele. Elas inverteram quase todo o processo; agora, o homem existe para elas. Toda criança nasce em êxtase. O êxtase é natural. Não é alguma coisa que acontece somente aos grandes sábios. É algo que todos trazem consigo para o mundo; todos vêm com ele. É o mais profundo centro da vida. Faz parte do estar vivo. A vida é êxtase. Toda criança o traz para o mundo, mas então a sociedade salta sobre a criança, começa a destruir a possibilidade de êxtase, começa a tornar a criança miserável, começa a condicionar a criança. A sociedade é neurótica e não pode permitir que pessoas em êxtase estejam aqui. São pessoas perigosas para ela. Tente compreender o mecanismo; então as coisas serão mais fáceis. Você não pode controlar um homem em êxtase; é impossível. Você só pode controlar um homem miserável. Um homem extático fatalmente será livre; êxtase é liberdade. Ele não pode ser reduzido a um escravo. Você não pode destruir esse homem tão facilmente; não pode persuadi-lo a viver numa prisão. Ele quer dançar sob as estrelas, quer caminhar no vento e quer falar com o sol e a lua. Precisa do vasto, do infinito, da imensidão, da enormidade. Não pode ser seduzido a viver numa cela escura. Você não pode fazer dele um escravo. Ele viverá sua própria vida e fará suas coisas. Isto é muito difícil para a sociedade. Se existirem muitas pessoas em êxtase, a sociedade sentirá que está se desintegrando, que sua estrutura não aguentará mais. Essas pessoas em êxtase serão rebeldes. Lembre-se, eu não chamo uma pessoa extática de 'revolucionária'; chamo-a de 'rebelde'. Um revolucionário é alguém que quer mudar a sociedade, mas quer substituí-la por outra. O rebelde é aquele que quer viver como um indivíduo e gostaria que não existisse nenhuma estrutura social rígida no mundo. Um rebelde não quer substituir esta sociedade por outra — porque todas as sociedades são iguais. A capitalista, a comunista, a fascista e a socialista são primas irmãs; não faz muita diferença. Sociedade é sociedade. Todas as igrejas são iguais — a hindu, a cristã e a muçulmana. Quando uma estrutura se torna poderosa, não quer ninguém em êxtase, pois o êxtase é contra a estrutura. Ouça e medite sobre isto: o êxtase é contra a estrutura. O êxtase é rebelde. Não é revolucionário. Um revolucionário é um homem político; um rebelde é um homem religioso. Um revolucionário quer outra estrutura, a que ele deseja, a que é a sua utopia, mas a estrutura é sempre igual. Ele quer estar no poder. Quer ser o opressor e hão o oprimido; quer ser o explorador e não o explorado; quer legislar e não ser legislado. O rebelde não quer leis e nem quer legislar. O rebelde é aquele que não quer regras no mundo. É anárquico. Um rebelde é aquele que confia na natureza, não nas estruturas criadas pelo homem, que confia que se a natureza agir por si mesma, tudo será belo. E é! Um universo tão vasto segue sem nenhum governo. Os animais, os pássaros, as plantas, tudo continua sem nenhum governo. Por que o homem precisa de governos? Algo deve estar errado. Por que o homem é tão neurótico que não pode viver sem legisladores? Há agora um círculo vicioso. O homem pode viver sem legisladores, mas nunca lhe foi dada nenhuma oportunidade os legisladores não lhes darão nenhuma oportunidade. Quando você souber que pode viver sem eles, quem vai querê-los aqui? Quem os suportará? Neste momento você está apoiando os seus próprios inimigos. Está votando em seus próprios inimigos. Dois inimigos estão numa disputa presidencial e você escolhe. Ambos são iguais. É como se você tivesse liberdade para escolher a prisão, em que prisão quer entrar. E vota contente — prefiro a prisão A ou a B; acredito na prisão Republicana ou na Democrática. Mas ambas são prisões. E uma vez que você apoia uma prisão, esta fez seu próprio investimento. Então, não permitirá que você tenha um sabor de liberdade.  Portanto, desde a infância não se permite que a criança experimente a liberdade, porque quando ela souber o que é liberdade, não fará concessões, não se comprometerá — não estará pronta para viver numa cela escura. Prefere morrer, mas não permitirá que ninguém a reduza a um escravo. Ela será afirmativa. É claro que não, estará interessada em ter poder sobre as outras pessoas. Esta é uma tendência neurótica: interessar-se demais em ter poder sobre os outros. Mostra simplesmente que no fundo você não tem poder e teme que se não se tornar poderoso, outros se apoderarão de você. Maquiavel diz que a melhor defesa é o ataque. A melhor maneira de se proteger é atacarantes. Estes chamados políticos — tanto no Ocidente quanto no Oriente — são todos no fundo, pessoas fracas que sofrem de inferioridade; temem que se não se tornarem politicamente poderosos, alguém irá explorá-los, então por que não explorar em vez de ser explorado? O explorado e o explorador estão ambos no mesmo barco — e ambos estão ajudando o barco, protegendo o barco. Uma vez que a criança conhece o sabor da liberdade, nunca mais fará parte de nenhuma sociedade, de nenhuma igreja, de nenhum clube, de nenhum partido político. Permanecerá um indivíduo, permanecerá livre e criará pulsações de liberdade ao seu redor. O seu ser tornar-se-á uma
porta para a liberdade. A criança não tem permissão para experimentar a liberdade. Se ela pergunta à mãe: "Posso sair? O sol está bonito, o ar está fresco e eu gostaria de correr na calçada", imediatamente - obsessivamente, compulsivamente — a mãe diz "Não!" A criança não pediu muito. Ela só queria sair numa manhã ensolarada de ar refrescante, queria desfrutar dos raios de sol, do ar e da companhia das árvores — não pediu nada! — mas compulsivamente, a partir de uma profunda compulsão, a mãe diz não. É muito difícil ouvir uma mãe dizer sim, é muito difícil ouvir um pai dizer sim. Mesmo que eles digam sim, dizem com muita relutância. Mesmo que digam sim, fazem com que a criança se sinta culpada, fazem com que ela sinta que os está forçando, que está fazendo alguma coisa errada. Sempre que a criança se sente feliz fazendo qualquer coisa, uma pessoa ou outra fatalmente vem interrompê-la — "Não faça isso!" Aos poucos a criança compreende: "Tudo o que me faz feliz está errado". E é claro que ela nunca se sente feliz fazendo o que os outros querem, porque não é uma necessidade espontânea dela. Então fica sabendo que ser miserável está certo, ser feliz está errado. Isto se torna uma associação profunda. Se ela quer abrir um relógio e olhar dentro dele, a família toda cai em cima — "Pare! Você destruirá o relógio. Isso não é bom". E ela só estava querendo olhar dentro do relógio; era uma curiosidade científica. Ela queria ver o que faz tique-taque. Está perfeitamente certo. E o relógio não é tão valioso quanto a sua curiosidade, quanto a sua mente inquisidora. O relógio não vale nada — mesmo que quebre, nada será destruído — mas quando a mente inquisidora é destruída, muito se destrói; ela nunca mais buscará pela verdade. Ou então, a noite está bela, o céu cheio de estrelas e a criança quer ir sentar-se fora de casa, mas é hora de dormir. Ela não está sentindo sono; está acordada, acordada demais. A criança não consegue entender por que de manhã, quando está com sono, todos dizem: "Levante-se!". Quando está gostando, quando é tão bom estar na cama, quando ela quer virar de lado e dormir mais um pouco, todos estão contra — "Levante-se! É hora de levantar". Agora está completamente acordada e quer desfrutar das estrelas. É um momento poético, muito romântico. Ela se sente excitada. Como pode dormir com tanta excitação? Quer dançar, cantar e eles a estão forçando a ir dormir — "São nove horas. É hora de dormir". Ela estava tão feliz acordada mas é forçada a dormir. Quando estava brincando foi forçada a comer na mesa. Não tinha fome. Quando está com fome, a mãe diz: "Agora não é hora". Desta maneira vamos destruindo toda a possibilidade de êxtase, toda a possibilidade de estar feliz, alegre e encantado. Sempre que a criança se sente espontaneamente feliz com alguma coisa, parece que está errado, e sempre que não se sente, parece que está certo. Na escola, de repente um pássaro começa a cantar fora da sala de aula e a criança presta atenção nele, é claro — não no professor de matemática que está parado na frente com seu feio giz na mão. Mas o professor é mais poderoso, politicamente mais poderoso que o pássaro. Certamente o pássaro não tem poder, mas tem beleza. O pássaro atrai a criança sem martelar sua cabeça: "Preste atenção! Concentre-se em mim!" Não, simplesmente, espontaneamente, naturalmente, a consciência da criança começa a fluir pela janela. Vai até o pássaro. O seu coração está lá, mas ela tem que olhar para o quadro-negro. Não há nada para olhar, mas ela tem que fingir. A felicidade está errada. Sempre que sente felicidade, a criança começa a sentir medo de que algo esteja errado. Se a criança está brincando com o seu próprio corpo, está errado. Se ela brinca com os seus órgãos sexuais, está errado. E este é um dos maiores momentos de êxtase na vida da criança. Ela gosta de seu corpo; é excitante. Mas toda a excitação tem que ser interrompida, toda a alegria destruída. É neurótico, mas a sociedade é neurótica. O mesmo foi feito aos pais pelos pais deles; e eles estão fazendo a mesma coisa para seus filhos. Desta maneira uma geração vai destruindo a outra. Assim, transferimos as nossas neuroses de uma geração para outra. A Terra toda se tornou um hospício. Ninguém parece saber o que é o êxtase. Ele foi perdido. Foram criadas barreiras e mais barreiras. Observo aqui diariamente que quando as pessoas começam a meditar, a sentir a ascensão da energia e a se sentirem felizes, elas imediatamente me procuram e dizem: "Uma coisa muito estranha está acontecendo. Estou me sentindo feliz e ao mesmo tempo me sentindo culpada, sem razão nenhuma". Culpa? Elas não entendem. Por que se sentem culpadas? Elas sabem que não há motivo — que não fizeram nada. De onde vem a culpa? Vem de um profundo condicionamento: a alegria está errada. Está certo sentir-se triste, mas não é permitido estar feliz. Certa vez, numa cidade em que eu vivia, o comissário de polícia era meu amigo; éramos
colegas de universidade. Ele costumava me procurar para dizer: "Sinto-me tão miserável. Ajude-me a sair disso". Eu respondia: "Você fala em sair disso, mas não sinto que você queira realmente. Em primeiro lugar, porque escolheu trabalhar nesse departamento de polícia? Você deve sentir-se miserável e quer que os outros também se sintam". Um dia pedi a três discípulos meus para que saíssem pela cidade, dançassem em lugares diferentes e se sentissem felizes. Eles perguntaram: "Para quê?" Eu respondi: "Apenas vão". Dentro de uma hora, é claro, eles foram presos pela polícia. Eu chamei o comissário e disse-lhe: "Por que você prendeu a minha gente?" Ele respondeu: "Eles pareciam loucos". Eu continuei: "Fizeram alguma coisa errada?" "Não, nada", disse ele. "Na verdade, não fizeram nada errado". "E por que os prendeu?", perguntei. Ele disse: "Eles estavam dançando na rua E estavam rindo". "Mas se não fizeram nada que fosse prejudicial aos outros, por que interferiu? Por que você teve que entrar no meio? Eles não atacaram ninguém, não invadiram o território de ninguém. Estavam apenas dançando, rindo, são pessoas inocentes." Ele disse: "Você está certo, mas é perigoso". "Por que é perigoso? Ser feliz é perigoso? Extasiar-se é perigoso?" Ele entendeu e imediatamente os soltou. Veio correndo para mim e disse: "Você deve estar certo. Eu não me permito ser feliz — e não posso permitir que ninguém mais o seja".  São esses os seus políticos, os seus comissários de polícia, os seus magistrados, os seus juizes, os seus líderes, os seus chamados santos, os seus padres, os seus papas — são essas pessoas. Todos eles investiram muito na sua miséria. Dependem da sua miséria. Se você é miserável eles se sentem felizes. Só uma pessoa miserável vai ao templo rezar. Uma pessoa feliz vai ao templo? Para quê? Uma pessoa feliz está feliz porque sente Deus em toda parte! Isto é que é felicidade. Ela está tão extasiadamente apaixonada pela existência que para onde quer que olhe, encontra Deus. O seu templo está em toda parte. E seja onde for que ela se ajoelhe, encontra os pés de Deus, nada mais. O seu respeito, a sua reverência, não precisam ser confinados de modo que ela tenha de ir a um templo hindu ou a uma igreja cristã. Isto é estupidez, não faz sentido. Somente as pessoas miseráveis, que não podem sentir Deus, não podem vê-Lo numa flor em botão, num pássaro cantando, num arco-íris psicadélico, numa nuvem flutuante, nos rios e nos oceanos, não podem ver Deus nos belos olhos de uma criança, vão à igreja, à mesquita, ao templo, vão aos padres, e perguntam: "Onde está Deus? por favor, mostrem-nos". Só as pessoas miseráveis estão disponíveis para as religiões. Sim, Bertrand Russel estava quase certo quando disse que se algum dia o mundo se tornasse feliz, a religião desapareceria. Eu disse quase certo, noventa e nove por cento certo. Não posso dizer cem por cento, porque conheço um outro tipo de religião da qual Bertrand Russel não tinha consciência. Sim, essas religiões desaparecerão — ele está certo em relação a elas: a hindu, a cristã, a muçulmana, a jainista, a budista, estas desaparecerão — desaparecerão com certeza. Se o mundo se tornar feliz, elas fatalmente desaparecerão, pois quem vai se importar? Mas ele está apenas noventa e nove por cento certo; um por cento errado. E esse um por cento e mais importante do que os noventa e nove por cento, porque um outro tipo de religião, a religião real, a religião do êxtase, a religião que não tem nome, não tem código, não tem Bíblia, nem Alcorão, nem Vedas, a religião que hão escrituras, não tem adjectivos; apenas uma religião de dança, uma religião de amor, uma religião de respeito, uma religião de bênção, a religião pura surgirá no mundo quando as pessoas forem felizes. Na verdade, essas religiões que existem não são religiões. São apenas sedativos, são tranquilizantes. Marx também está certo — é claro que só noventa e nove por cento — dizendo que a religião é o ópio das massas. Ele está certo. Essas religiões o ajudam a tolerar a miséria. Elas o ajudam, o consolam, dão-lhe a esperança de que: "Sim, hoje sou miserável; mas amanhã serei feliz". E esse amanhã não chega nunca. Dizem: "Nesta vida você é miserável, mas na vida seguinte. ..Seja bom, seja moral, siga as regras da sociedade — seja um escravo, seja obediente — e na próxima vida você será feliz". E ninguém sabe sobre a próxima vida. Ninguém jamais vem para dizer alguma coisa sobre ela. Ou se essas religiões não crêem numa próxima vida, dizem: "Quando você for para outro lado, para o céu, terá a recompensa". Mas obedeça aos padres e aos políticos. Há uma conspiração entre os padres e os políticos. São dois lados de uma mesma moeda. Eles se ajudam mutuamente. E todos têm interesse em que você permaneça miserável — assim os padres podem ter uma congregação e podem explorá-lo; e os políticos podem forçá-lo a ir à guerra em nome da nação, em nome do estado, em nome disto ou daquilo — tudo um absurdo, mas podem mandá-lo para a guerra. Somente as pessoas miseráveis podem ser alistadas para a guerra; só as pessoas profundamente miseráveis estão prontas para lutar, estão prontas para matar ou serem mortas. São tão miseráveis que para elas a morte parece ser melhor do que a vida.

                                                                    'Osho- Extâse a Linguagem Esquecida'