domingo, 5 de dezembro de 2010

Osho- Touro ou Boi?



Uma das coisas maias cruéis que se pode fazer ao homem é torna-lo triste e sério. Isso tem que ser feito, por que sem tornar o homem triste e sério, é impossível fazer dele um escravo – um escravo em todas as dimensões da escravidão: espiritualmente, um escravo em relação a algum deus fictício, a algum céu e inferno fictícios; psicologicamente, um escravo, porque a tristeza, a seriedade não são naturais... Elas têm que ser impostas à mente, e a mente se fragmenta, é despedaçada... um escravo fisicamente também, por que um homem que não pode rir, não pode ser realmente saudável e total. O riso não é unidimensional; ele tem todas as
três dimensões: quando você ri, seu corpo participa, sua mente participa, seu ser participa. No riso as distinções desaparecem, a divisão desaparece, a personalidade esquizofrênica desaparece. Mas isso era contra aqueles que queriam explorar o homem – os reis, os padres, os políticos calculistas. Todo o esforço deles era para tornar, de alguma maneira, o homem mais fraco, doente: torne o homem miserável e ele nunca se revoltará. Tirar o riso do homem é tira-lo a própria vida. Tirar o riso do homem é castração espiritual. Você já observou a diferença entre os bois e os touros? Eles nasceram iguais, mas os bois foram castrados. E, a menos que eles sejam castrados, você não poderá usa-los como escravos para carregar as suas cargas, para puxar as suas carroças. Você não pode colocar touros na frente de seu carro – o touro é
tão poderoso, que é impossível mantê-lo sob controle; ele tem uma individualidade própria. Mas o boi é um eco muito distante do seu ser real, apenas uma sombra. Você o destruiu. Para se criar escravos, o homem foi destruído da mesma maneira. O riso tem sido continuamente condenado como infantil, insano; no Maximo lhe é permitido sorrir. A diferença entre o sorriso e o riso é a mesma do touro para o boi. O sorriso é somente um exercício dos lábios, é somente um maneirismo. A gargalhada não conhece maneirismo algum, etiqueta alguma – ela é selvagem, e sua selvageria tem toda a beleza. Mas os poderes constituídos, quer de dinheiro, quer de religiões organizadas, ou dos governantes, todos estavam de acordo em um ponto: o homem tem que ser enfraquecido, tornar-se miserável, ser amedrontado – tem que ser forçado a viver numa espécie de paranóia. Só assim ele se ajoelhará diante de estátuas de madeira ou de pedra. Só assim ele estará pronto para servir qualquer pessoa que seja poderosa. A gargalhada traz sua energia de volta para você. Todas as fibras de seu ser se tornam vivas, e
todas as suas células começam a dançar. O maior pecado cometido na Terra é que o homem tem sido proibido de rir. As implicações são profundas, porque quando você é proibido de rir, certamente é proibido de ser alegre, é proibido de cantar uma canção de celebração, é proibido de dançar por pura alegria. Ao ser proibido do riso, tudo o que é bonito na vida, tudo
o que faz a vida bonita e digna de ser vivida e de ser amada, tudo o que da sentido a vida é destruído. É a estratégia mais feia usada contra o homem. A seriedade é um pecado. E lembre-se a seriedade não significa sinceridade – sinceridade é fenômeno completamente diferente. Um homem sério não pode rir, não pode dançar, não pode brincar. Ele está sempre se controlando; ele foi criado de tal maneira que se tornou um carcereiro de si mesmo. O homem sincero pode rir sinceramente, pode dançar sinceramente, pode alegrar-se sinceramente. Sinceridade nada tem a ver com serenidade. A serenidade é uma doença da alma, e somente almas doentes podem ser convertidas em escravos. E todos os poderes constituídos precisam de uma humanidade que não seja rebelde, que não esteja desejando muito, quase mendigando, seja escrava. Na realidade, somente as crianças são encontradas dando risadas e gargalhadas; e os adultos acham que, por elas serem crianças, ignorantes, podem ser perdoadas – elas são ainda tão incivilizadas, tão primitivas todo o esforço dos seus
pais, da sociedade, dos professores, dos padres é para descobrir como torna-las civilizadas? Como torna-las sérias? Como faze-las se comportarem como escravos, não como indivíduos independentes? Não se espera que você tenha suas próprias opiniões. Você tem simplesmente que ser um cristão ou um hindu ou um muçulmano. Você tem que ser um comunista ou fascista ou um socialista. Não se espera que você tenha suas próprias opiniões. Não se espera que você seja você mesmo. A você é permitido ser parte da multidão – e ser parte da multidão não é nada mais que se tornar um dente de uma engrenagem. Você terá cometido suicídio.


                                                                                                  'Osho- Vida, Amor e Riso' 

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