segunda-feira, 23 de maio de 2016

Osho- A mente




Tudo o que você vê foi inventado por pessoas espirituosas, não por pessoas sérias. As pessoas sérias vivem voltadas para o passado — elas não param de repetir o passado porque sabem que ele funciona. Elas nunca são inventivas. "Mente contemporânea" é, de certa forma, uma contradição. A mente nunca é contemporânea. Ela é sempre antiga. Mente é passado e nada mais. Mente significa memória. Nenhuma mente contemporânea pode existir. Ser contemporâneo é ser desprovido de mente. Apenas olhe, observe. O que é a sua mente? O que se quer dizer com a palavra "mente"? No que ela consiste exatamente? Todas as suas experiências, os seus conhecimentos e o passado acumulados — essa é a sua mente. Você pode ter uma mente materialista pode ter uma mente espiritualista, isso não importa nem um pouco. Mente é mente. A mente espiritual não é menos mente do que a mente materialista. E nós temos que ir além da mente. De Aristóteles a Wittgenstein, milhares de pessoas brilhantes
desperdiçaram todo o seu brilho pela simples razão de que tentaram solucionar apenas problemas em vez de se voltarem para a própria raiz de todos eles. A mente é o único problema. A mente só conhece o conflito. Mesmo quando não há conflito, a mente cria um. Mesmo quando não existe qualquer problema, a mente cria um. A mente não pode existir sem problemas: ela se nutre de problemas. Conflito, luta, desarmonia — e a mente está perfeitamente à vontade e ambientada. Silêncio, harmonia — e a mente começa a ficar com medo, porque harmonia, silêncio e paz são nada mais do que a morte para a mente. A mente é um robô. O robô tem sua utilidade, e é desse jeito que a mente funciona. Você aprende algo. Quando aprende, de início fica consciente. Por exemplo, quando aprende a dirigir um carro, fica bem alerta, porque sua vida está em perigo. Tem que tomar cuidado com muitas coisas: o volante, a rua, os pedestres, o acelerador, o freio, a embreagem. Tem que prestar atenção em tudo. Há tantas coisas a lembrar que você fica nervoso. E perigoso cometer um erro, por isso
você precisa manter a atenção. Mas, no momento em que aprende a dirigir, essa atenção já não é mais necessária. Então a parte robotizada da mente entra em ação. Isso é o que eu chamo de aprender. Aprender significa que algo está sendo transferido da consciência para o robô. E disso que se trata o ato de aprender. Depois que você aprendeu uma coisa, ela deixa de fazer parte da mente consciente e é enviada para o inconsciente. Agora o inconsciente pode fazê-la. Agora a consciência está livre para aprender outra coisa. Isso é, por si só, extremamente significativo. Do contrário você ficaria aprendendo uma única coisa a vida inteira.
A mente é uma ótima serva, um ótimo computador. Use-a, mas lembre-se de que ela não pode dominar você. Lembre-se de que tem que continuar sendo capaz de ficar consciente, de que ela não pode tomar posse de você totalmente, de que ela não pode se tornar tudo, de que a porta precisa ser deixada aberta para que você possa sair do robô. Não rejeite a mente — entenda-a. Quando entende algo, você vai além disso — isso fica abaixo de você. A mente tem sua utilidade — uma grande utilidade. Não existiriam qualquer ciência sem a mente, qualquer tecnologia. Todos os confortos do ser humano desapareceriam sem a mente humana. O homem regrediria para o mundo dos animais ou até para um mundo ainda mais inferior. A
mente nos deu muito. O problema não é a mente. O problema é a sua identificação com ela. Você acha que você é a mente — aí está o problema. Pare de se identificar com a mente. Seja o observador e deixe-a funcionar — sob sua vigilância, seu testemunho, sua observação. Uma
diferença radical ocorre por meio da observação. A mente funciona com muito mais eficácia quando você a observa, porque todo o lixo é descartado e ela não precisa carregar um peso desnecessário — fica leve. E quando você se torna um observador, a mente também pode ter
algum descanso. Do contrário, durante toda a vida a mente trabalha, dia após dia, ano após ano. Ela só pára quando você morre. Isso cria uma fadiga profunda, uma fadiga mental. Agora os cientistas estão dizendo que até os metais se cansam — existe a chamada "fadiga do metal". Então o que dizer da mente, que é extremamente sutil, que é tão delicada? Trate-a com cuidado. Mas continue à distância, indiferente, desapegado. Quando escreve, você não se torna a caneta, embora não possa escrever sem ela. Uma boa caneta é essencial para uma boa escrita. Se você começar a escrever com os dedos, ninguém entenderá o que escreveu, nem mesmo você, e será muito primitivo. Mas você não é a caneta e a caneta não é o escritor, é só um instrumento para escrever. A mente não é o mestre, mas só um instrumento nas mãos do mestre. Treinar a mente para a concentração é muito difícil: ela se revolta e continua a recair em antigos hábitos. Você a segura novamente e ela escapa. Você a leva para o assunto no qual estava concentrado e, de repente, descobre que ela está pensando em outra coisa — já até esqueceu em que estava concentrado. Não é uma tarefa fácil. Mas colocá-la de lado é algo extremamente fácil — não é nada complicado. Tudo o que você tem que fazer é observar. Seja o que for que esteja passando na sua cabeça, não interfira, não tente detê-la, Não faça nada: qualquer coisa que fizer vai virar uma disciplina. Então não faça absolutamente nada. Só observe. O que há de mais estranho sobre a mente é que, se você se tornar um observador, ela começa a desaparecer. Assim como a luz dispersa a escuridão, a atenção plena dispersa a mente, seus pensamentos, toda a sua parafernália. Intelecto é pensamento. A consciência é descoberta em um estado de não-pensamento: no silêncio total em que nenhum único pensamento causa perturbação. Nesse silêncio você descobre seu próprio ser — ele é tão vasto quanto o céu. E conhecê-lo é entrar em contato com algo que realmente vale a pena. De outra maneira, todo o seu conhecimento é lixo. Seu conhecimento pode ser útil, mas não vai
ajudá-lo a transformar o seu ser. Ele não pode lhe trazer satisfação, contentamento, iluminação, a ponto de você poder dizer: "Estou em casa." Seus pensamentos não são você. Existe um tráfego constante. Na sua tela mental, tantos pensamentos estão passando, mas você não é um deles. Você é a testemunha, está de fora. Está vendo esses pensamentos passarem. Nada que possa ver pode ser você. Esse deve ser o critério: nada que testemunhe pode ser você. Você é a testemunha.
   
                                                                              'Osho-Faça o seu Coração Vibrar'

sábado, 21 de maio de 2016

Buda - Além da Palavras

Certa vez estava Buda sentado sob uma árvore, com os seus discípulos reunidos à sua volta esperando que ele iniciasse seu discurso. Em determinado momento, Buda calmamente inclinou-se e colheu uma flor. Levantou-a à altura de seu rosto e girou-a suavemente. Seus discípulos ficaram espantados e confusos, e murmuraram entre si questionando o sentido daquilo. Dentre eles, apenas Kashyapa entendeu o gesto, sorrindo. Buda percebeu que Kashyapa tinha compreendido, e lhe disse: "O método de Meditação que ensino é ver as coisas como elas são, nada rejeitar e tratar as coisas com alegria, vendo claramente sua face original. Esse Dharma misterioso transcende a linguagem e os princípios racionais. O pensamento lógico não pode ser usado para obter a Compreensão; apenas com a sensibilidade da não-mente alcança-se a Verdade. Vós compreendestes. Por isso, concedo-lhe a partir deste momento o espírito do Dhyana."