1º
Em dois mosteiros vizinhos viviam dois
jovens monges muito amigos. De manhã, sempre os monges se encontravam,
cada um cuidando de seus afazeres. Certo dia, um dos monges estava
varrendo o pátio de seu templo e, vendo aproximar-se o amigo, perguntou:
"Olá! Onde vais?"
O amigo respondeu, feliz:
"Vou aonde meus pés me levarem..."
O monge ficou intrigado com a resposta e comentou com seu mestre. Este lhe disse:
"Da próxima vez, diga-lhe: ´E se não tivesses pés?´"
Quando o jovem noviço viu o amigo de novo
na manhã seguinte, fez a mesma pergunta já antecipando o momento em que
pegaria o amigo de jeito, desta vez:
"Onde vais?"
Mas o outro disse:
"Aonde o vento me levar!"
O monge ficou frustado! Voltou ao mestre e contou a nova resposta, e este, sorrindo, disse:
"Da próxima vez, diga-lhe: ´E se o vento parasse de soprar?´"
O jovem monge ficou encantado com a idéia:
"Sim, sim! Essa é boa! Agora ele não me escapa!"
No dia seguinte, ao amanhecer, ele viu seu amigo aproximando-se de novo. Perguntou-lhe:
"Olá! Onde vais?"
O amigo parou, sorriu-lhe, e falou suavemente:
"Simplesmente vou ao mercado, meu amigo...", e seguiu seu caminho.
2º
Os mestres Da-yu e Yu-tang aceitaram o
convite para ensinar um alto oficial imperial sobre o Zen. Ao chegar
Yu-tang apressou-se em dizer, politicamente:
"Tu pareces um homem inteligente e receptivo, e isso é muito bom! Creio que serás um bom aprendiz Zen."
Mas Da-yu replicou, sem preocupar-se com suavidades:
"O que dizes?! Este tolo pode ter uma alta posição, mas não perceberia o Zen nem se este lhe caísse na cabeça!"
O oficial, após ouvir os comentários, disse:
"Ouvindo o que ouvi, agora sei o que fazer para entender o Zen."
A partir de então, tornou-se estudante sob a orientação de Da-yu.
3º
Havia uma monja chamada Eshun, que era
uma mulher muito bonita. Um jovem monge apaixonou-se por ela. Sem poder
resistir ao sentimento, escreveu-lhe uma carta propondo um encontro às
escondidas.
No dia seguinte ao fato, tão logo o Mestre terminar a palestra, Eshun levantou-se e disse para o monge, em frente a todos:
"Tu me enviaste uma carta se dizendo
enamorado. Entretanto, o Amor não é algo para ser realizado às
escondidas, pois ele é pleno e sincero. Se tu realmente me amas e não
simplesmente me desejas, venha aqui e abrace-me em frente a todos. O que
há para esconder?"
Mas o monge abaixou a cabeça, envergonhado. Na verdade, o que sentia não passava de luxúria...
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