terça-feira, 13 de agosto de 2013

Osho- Inocência. Ser Comum.

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O desejo natural da mente humana é tornar-se especial tornar-se especial à maneira do
mundo — ter muitos diplomas, ter poder político, ter dinheiro, bens — ser especial. A mente está sempre pronta para entrar em qualquer viagem do ego. E se você se cansa do mundo, então outra vez o ego começa a descobrir novos caminhos e novos meios de se engrandecer — torna-se espiritual. Você se torna um grande Mahatma a, um grande sábio, um grande estudioso, um homem de conhecimento, um homem de renúncia; de novo torna-se especial.
A menos que desapareça o desejo de ser especial, você nunca será especial. A menos que
você relaxe no seu ser comum, você nunca relaxará.
A pessoa realmente espiritual é aquela que é absolutamente comum. Kabir é bastante
normal. Você não seria capaz de distingui-lo no meio de uma multidão. O que é especial nele não é exterior. Você não o encontra apenas olhando seu rosto. É difícil. Buda era especial, era um homem muito bonito, uma personalidade carismática. Jesus é muito especial com o palpitar da rebeldia, da revolução. Mas Kabir... Kabir é absolutamente comum, uma pessoa normal.
Lembre-se, quando eu digo normal, não estou me referindo à média. A média não é o
normal. É apenas 'normalmente' anormal; uma pessoa é 'tão louca' quanto todas as outras. Na
verdade, não existem pessoas normais no mundo.


Ouvi contar:
Um famoso psiquiatra, que dirigia um curso de psicopatologia na universidade, foi
arguido por um aluno: «Doutor, você nos falou sobre a pessoa anormal e o seu comportamento, mas e as pessoas normais?»
O doutor ficou um pouco confuso, e então disse:
«Em toda a minha vida nunca encontrei uma pessoa normal. Mas se a encontrarmos, nós a
curaremos!»


Kabir é, realmente, essa pessoa normal que você nunca encontra na vida; sem nenhum
desejo de ser especial. Quando ele se tornou iluminado, também continuou na sua vida comum. Era um tecelão e continuou a tecer.
Seus discípulos começaram a crescer em número — centenas, depois milhares, e então
vieram muitos outros milhares. E sempre pediam que ele parasse de tecer roupas — "Não há
necessidade. Tomaremos conta de você." Mas ele ria e dizia: "É melhor continuar assim como Deus quer. Não tenho desejo de fazer qualquer outra coisa. Deixem-me ser o que sou, o que Deus quer que eu seja. Ele quer que eu seja um tecelão, é por isso que sou. Nasci como tecelão e assim morrerei".
E continuou do seu jeito comum. Ia ao mercado vender seus artigos. Tirava água do poço.
Vivia de maneira muito, muito comum. Esta é uma das coisas mais importantes a serem entendidas.
Ele jamais proclamou ser um homem de conhecimento — , porque nenhum homem de
conhecimento faz isso. Saber é saber que conhecer não é saber, e que não conhecer é saber. Um verdadeiro homem de compreensão sabe que não conhece nada. Sua ignorância é profunda.
E dessa ignorância surge a inocência. Quando você conhece, fica esperto e ladino. Quando
você conhece, perde a inocência da infância.
Kabir diz que é ignorante, que não conhece nada. E isto deve ser entendido, porque
fornecerá as bases para sua mente compreender sua poesia. De onde vem essa poesia? Está vindo da sua inocência, florescendo da sua inocência. Ele diz que não sabe nada.
Você já observou que na vida nós estamos sempre proclamando que sabemos, mas não
sabemos? O que você sabe? Alguma vez já soube alguma coisa? Se eu perguntar por que as árvores são verdes, você saberá responder? Sim, a melhor resposta que ouvi foi a de D. H. Lawrence. Uma criança passeava com ele pelo jardim e perguntou-lhe — como as crianças gostam de perguntar — Por que as árvores são verdes?" D. H. Lawrence olhou para ela, olhou nos olhos da criança e disse:
"São verdes por que são". Esta é a resposta mais verdadeira jamais dada. O que mais se pode dizer?
Tudo o que se disser será tolice; não fará nenhum sentido. Você pode dizer que as árvores são verdes porque possuem clorofila. Mas por que a clorofila é verde? A questão continua a mesma. Eu faço uma pergunta, você me dá uma resposta, mas a questão não está realmente respondida.
Você viveu com uma mulher durante trinta anos, chama-a de sua esposa, ou viveu com
um homem durante cinquenta anos: você conhece a mulher ou o homem? Uma criança nasce de você; você a conhece? Olhou dentro dos seus olhos? Pode dizer que a conhece? O que você conhece? Conhece um pedaço de pedra? Sim, os cientistas darão muitas explicações, mas elas não se tornarão conhecimento. Dirão que são eléctrons, protões e neutrões. Mas o que é um eléctron?
Eles sacudirão os ombros e dirão: "Não sabemos". Dirão: "Ainda não sabemos", na esperança de que um dia poderão saber. Não, eles nunca saberão porque primeiro disseram: "A pedra é feita de átomos", e quando lhes perguntaram o que são átomos, disseram: "Ainda não sabemos". Depois disseram: "O átomo consiste de eléctrons". Agora perguntamos o que são eléctrons e eles dizem:
"Ainda não sabemos". Algum dia dirão que o eléctron consiste disto e daquilo, de X, Y e Z; mas isso não faz nenhuma diferença. No final permanece o mistério.
Se o essencial é um mistério, então a vida se torna um milagre. Se o essencial não é
conhecido, então surge a poesia. Se o essencial é conhecido — ou você pensa que é — então surge a filosofia. Esta é a diferença entre filosofia e poesia.
E o enfoque de Kabir é o de um poeta, de um amante, de quem está absolutamente
maravilhado com tudo. Sem saber, ele canta uma canção. Sem saber, faz uma prece. Sem saber, ele reverencia. O enfoque de um poeta não está na explicação, está na exclamação. Ele diz: "Aha, Aha! Aqui está o mistério!"
E sempre que você encontrar o mistério, ali estará Deus.
Quanto mais você conhecer, menos terá consciência de Deus: quanto menos conhecer,
mais próximo Deus estará de você. Se você não conhecer nada, se você puder dizer com absoluta confiança: "Eu não sei", se este "não sei" vier do centro mais profundo do seu ser, então Deus estará lá, no próprio pulsar do seu coração. Então a poesia surgirá e você se apaixonará pelo tremendo mistério que o circunda.
Este amor é religião. A religião não requer nenhuma explicação. A religião não está à
procura de explicações. Pelo contrário, é uma busca do amor, uma jornada infinita para dentro do amor.
                                                                                        'Osho- Extâse a Linguagem Esquecida'

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