terça-feira, 15 de outubro de 2013
Osho- Não Resista à Mudança
Aconteceu de um homem procurar Buda e insultá-lo — deu-lhe um tapa no rosto. Buda passou a mão pelo rosto e perguntou ao homem: "Tem algo mais a dizer?" — como se ele tivesse dito alguma coisa. O homem ficou confuso, porque não esperava uma resposta dessas. Foi embora. No dia seguinte voltou novamente, pois não conseguira dormir durante toda a noite. Sentiu que havia feito alguma coisa errada e se sentia culpado. Na manhã seguinte, chegou, caiu aos pés de Buda e disse: "Perdoe-me". E Buda disse: "Quem irá perdoá-lo agora? O homem que você agrediu não está mais aqui, e o homem que veio aqui para agredir também não está — assim, quem perdoará quem? Esqueça isso, agora nada mais se pode fazer. O que aconteceu não pode ser desfeito — acabou! Porque não há ninguém, as duas partes estão mortas. O que se pode fazer? Você é um homem novo e eu sou um homem novo".
A mensagem mais profunda de Heráclito é esta: tudo flui e tudo muda; tudo se move, nada é estático. E quando você se apega a alguma coisa, perde a realidade. Apegar é o problema, pois a realidade muda e você não flui com ela. Ontem você me amava. Agora sente raiva. Agarrado ao passado, eu lhe digo: "Você tem de me amar, porque ontem você me amava e disse que sempre me amaria — o que aconteceu?" Mas o que você pode fazer? Ontem, quando disse que sempre me amaria, não estava sendo falso, mas também não estava fazendo uma promessa — estava simplesmente expressando um estado de ânimo e eu acreditei demais nele. Quando você o sentiu, quando sentiu que me amaria eternamente, não estava mentindo, lembre-se disso. Naquele momento isso era verdadeiro, era o que você estava sentindo, mas agora esse sentimento se foi. Aquele que o sentiu não está mais aqui. E o que passou, passou; nada pode ser feito. Você não pode forçar o amor. É o que estamos fazendo — e com isso causamos muito sofrimento.
O marido diz: "Ama-me!". A esposa diz: "Ama-me! Você prometeu me amar — já se esqueceu de quando namorávamos?" Mas esses já se passaram. Aquelas pessoas que estavam lá não existem mais. Aquele jovem de vinte anos, lembra-se? — você ainda é o mesmo? Muito se passou; o Ganges já correu muito —você já não está mais lá.
Ouvi contar que certa noite a mulher de Muna Nasrudin lhe disse: "Você não me ama mais, não me beija mais, não me abraça mais. Lembra-se de quando me cortejava? — você costumava me morder e eu gostava tanto disso! Pode-me moder mais uma vez?" Nasrudin levantou da cama e começou a andar. Sua mulher perguntou: "Onde você vai?" Ele respondeu: "Ao banheiro, buscar os meus dentes".
Não, não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. É impossível. Não se prenda; se você se prender criará um inferno. Prender-se é o inferno; uma consciência solta está sempre no paraíso — move-se de acordo com a situação, aceita-a, não resiste à mudança; não há rancores, não há reclamações, porque assim é a vida, assim são as coisas. Você pode brigar, mas isso não mudará nada.
'Osho- A Harmonia Oculta'
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